Rebecca Joviano e a Potência do Teatro Preto em “Zé Num Baile de Cria Pelintra”

Rebecca Joviano: Potência criativa que eleva as vozes negras no teatro

Rebecca Joviano, diretora e roteirista, está conquistando palcos e quebrando barreiras culturais com “Zé Num Baile de Cria Pelintra”. À frente da produtora Jov’s e também integrante do Coletivo Temos, ela celebra o sucesso de um espetáculo que, em apenas três apresentações, deixou uma marca profunda no teatro carioca e trouxe ao palco a vivência e a autenticidade das histórias pretas.

Ao refletir sobre a recepção da peça, Joviano revela que a resposta do público superou suas expectativas. A plateia reagiu com entusiasmo e emoção, acompanhando cada momento da narrativa. “Contar uma história preta é natural para mim, pois é parte de minhas vivências, de minha família e amigos. Contudo, o verdadeiro desafio reside em fazer com que essa história toque o público de todas as cores e origens”, explica ela.

Apesar da curta temporada, Joviano celebra o impacto emocional e cultural de “Zé Num Baile de Cria Pelintra”. Entre os feedbacks que mais a tocaram, ela destaca as palavras de sua mãe, ex-mulata do Sargentelli e artista do carnaval, que elogiou a autenticidade e a fluidez do roteiro. “A minha mãe notou como a peça, repleta de diálogos familiares e cotidianos, cativa o público de uma maneira única”, conta Rebecca. Outros espectadores compartilharam como a peça trouxe uma nova perspectiva para suas próprias experiências, especialmente um amigo do ator Aquilas Lohin, que protagoniza o monólogo com o personagem João, emocionando-se ao ver um amigo em circunstâncias semelhantes.

Rebecca comenta sobre os desafios de reunir uma audiência para uma peça intensa e curta. “Precisamos relembrar o público sobre a importância do teatro presencial, que proporciona uma experiência incomparável de imersão”, afirma. Agora, com o sucesso inicial da produção, o objetivo é alcançar novas plateias e consolidar o reconhecimento financeiro que as artes cênicas merecem.

A peça “Zé Num Baile de Cria Pelintra” promete mais uma noite marcante para o público carioca no próximo dia 20 de novembro, começando às 19h e se estendendo até as 20h, na Casa 33, no endereço R. Prof. Alfredo Gomes, 33 – Botafogo, Rio de Janeiro – RJ, 22251-080. Após a apresentação, haverá um intervalo de 15 minutos para que os espectadores possam relaxar e aproveitar o ambiente. Em seguida, das 20h15 às 21h, será realizada uma roda de conversa com a presença de Rebecca, Caio, Áquilas, Gabi e Gaboard, proporcionando uma discussão sobre a representatividade e a temática abordada na obra. Após um novo intervalo de 15 minutos, o público poderá conferir, das 21h15 às 21h45, uma apresentação musical com Gaboard e Gabrielle Crelier. A noite será encerrada ao som de um DJ, que tocará clássicos do funk antigo entre 21h45 e 22h30, oferecendo uma celebração final que promete fechar o evento com chave de ouro, mas com projeções para outras temporadas.

Uma das colaborações mais essenciais para o sucesso da peça foi com Aquilas Lohin. Segundo Rebecca, Lohin, sendo um homem negro e periférico, trouxe um olhar autêntico e uma linguagem realista ao personagem, adicionando “gírias de cria” que enriqueceram o texto. “O roteiro da peça foi um vestido de noiva desenhado para o Àquilas Lohin. Ele se sentiu atravessado pelas vivências de João e trouxe várias colaborações para o projeto”, conta.

Para Rebecca, ocupar o papel de diretora e roteirista vai além da realização pessoal; é um ato de representatividade e de luta por espaço. “Estar aqui, liderando um projeto que enaltece nossa cultura e vivência, é um grito de liberdade e de identidade”, afirma, destacando a importância de um teatro que reflita a pluralidade cultural e histórica do Brasil. Ela espera que sua presença inspire outras mulheres negras a acreditarem na força de suas vozes. “Ver mulheres negras na direção e na escrita no teatro é ver nossa força coletiva ocupando espaços de criação e liderança”, ressalta.

No futuro, Rebecca Joviano deseja explorar novas histórias que conectem temas culturais brasileiros, como o samba e o carnaval, ao cotidiano urbano. “Penso em abordar a força de histórias de mulheres negras. Esses temas são infinitos em potência e essenciais para a criação de um teatro que amplifique as vozes da nossa gente e reverencie nossa herança cultural”, conclui.

Para todas as mulheres negras que aspiram a ocupar o teatro, Rebecca deixa uma mensagem poderosa de encorajamento: “O teatro é um espaço que sempre esteve pulsando com as vozes de quem ousa narrar a própria história… ocupem esses espaços com tudo o que vocês são. Estamos juntas nesse palco da vida, narrando o que é ser mulher negra, em toda a sua força e sensibilidade”, finaliza a profissional.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *